DICIONÁRIO DE VERBOS DO SÉCULO 13

INTRODUÇÃO

Um Dicionário do Português Medieval é um instrumento de trabalho importante para os estudos diacrónicos da língua, cuja falta sempre se tem feito sentir.

A construção de um Dicionário de Verbos do Século 13 constitui uma etapa para a concretização daquele dicionário global1. Esta edição representa um documento de trabalho em aberto, sendo, por isso, importantes todas as contribuições que permitam melhorá-lo e desenvolvê-lo.

Este projecto de dicionário de verbos2 foi iniciado tendo por base um conjunto de textos não literários do século XIII que integram o CIPM - Corpus Informatizado do Português Medieval3:

  • Notícia de Torto (NT) 1214? - editado por Luís F. Lindley Cintra4;
  • Testamento de D. Afonso II (TL e TT) 1214 - editado por Pe. Avelino J. da Costa (dois manuscritos)5;
  • 61 documentos notariais da Galiza e do Noroeste de Portugal (HGP) 1262 a 1300 - editados por Clarinda de A. Maia6;
  • 34 documentos portugueses da Chancelaria de D. Afonso III (CA) 1255 - editados por Luís F. Duarte7;
  • Tempos dos Preitos (TP) 1280? - editado por J. de Azevedo Ferreira8;
  • Foro Real de Afonso X (FR) 1280? - editado por J. de Azevedo Ferreira9;
  • Foros de Garvão (FG) 1280? - editados por M. Helena Garvão10;
  • 68 documentos notariais (CHP) sd. e 1260 a 1300 - editados por Ana M. Martins11.

Neste corpus, perfazendo um total de 134 332 palavras, foram identificados e tratados 578 verbos que são apresentados nesta edição.

A partir de uma listagem automática das palavras do corpus, colocaram-se hipóteses de identificação do conjunto das formas que poderiam fazer parte dos paradigmas dos diferentes verbos.

Em relação a cada forma gráfica, foram elaboradas concordâncias12 que permitiram não só identificar as formas pertencentes a paradigmas verbais, como delimitar o contexto necessário para a análise sintáctica e semântica a incluir na informação lexical de cada verbo.

A análise linguística realizada para preparação dos artigos deste Dicionário de Verbos Portugueses do Século 13 assentou na ideia de que cada entrada lexical deve conter a informação relativa aos seguintes domínios:

  1. forma/s gráfica/s e representação fonémica13
  2. paradigma flexional
  3. propriedades semânticas
  4. propriedades sintácticas
  5. exemplo/s

Na presente formulação, as fichas lexicográficas estão estruturadas do seguinte modo:

  1. vedeta (e total de ocorrências no corpus utilizado)
  2. paradigma flexional (com o número de ocorrências e o código da fonte textual de cada forma gráfica)
  3. acepção e selecção semântica
  4. selecção sintáctica
  5. atestação/ões

A vedeta, entendida como uma representação abstracta, é apresentada sob a forma de infinitivo ou de particípio passado (quando só este se encontra atestado), em maiúsculas e a negrito, acompanhada da indicação do total de ocorrências.

A decisão sobre a sua forma gráfica obedeceu a critérios linguísticos e de funcionalidade.

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Projecto financiado por FCT-MCES.